AteusBr é um tributo aos visionários que tentaram libertar a humanidade da escravidão religiosa. E o "Livro mestre" dos ateístas.

sexta-feira, agosto 25, 2006

A defesa de abortar

Como nem tudo o que é legal seria certo, aja visto que a escravidão, as guerras, as ditaduras, a inquisição, o holocausto e o apartheid também estavam amparados pela “Lei” dos países em que foram praticados.E sabendo-se que quando é necessário fazer algo, sempre surgirá alguém para faze-lo, ainda que essa pessoa esteja em esmagadora inferioridade de meios e recursos. Até porque, a solução não seria proibir a liberdade de escolha ou a dignidade necessária para ter uma vida autodeterminada, mais sim, criar Leis e mecanismos que vigiem e resolvam os aspectos legais, gerados pelo atual momento histórico.Acho um absurdo que o inalienável direito de a mulher poder dispor do seu próprio corpo como bem entenda, continue sendo “um caso de polícia”. Pois a aberração de querer impedir que as gestantes alheias abortem, lembra um bando de ovelhas, tentando convencer lobos famintos, de que os mesmos deveriam se tornar vegetarianos.Cabe lembrar que se os argumentos emocionais fossem mais importante do que o conhecimento ou a lógica, não teríamos investigado o Átomo, já que na época, também não havia garantias de que as descobertas atômicas seriam utilizadas para o bem e não para produzir armas de guerra, inclusive bombas atômicas.A grande verdade é que as gestantes sempre abortaram. E seja ou não crime, elas continuarão abortando... Pois não será alguém sem capacidade para controlar o corpo das mulheres, que conseguirá usurpar o direito delas poderem decidir o que é melhor para seu próprio corpo.Já que cerca de 25% das gestações terminam em abortos espontâneos... E a mortalidade materna é um indicador mundial de desigualdade e subdesenvolvimento; por que as inconformadas gestantes são obrigadas a prosseguirem com as gestações não desejadas até o fim, ainda que a opressão do estado ultrapasse o patamar onde o indivíduo é obrigado a reagir?Por que a gravidez de uma cidadã livre, maior e em plena explosão do seu potencial de vida, não poderia ser sempre um motivo de alegria e de escolha, mas sim, um "destino", uma carga ou mesmo alguma penosa obrigação, de alguém que estaria sendo tratada como gado humano? Por que as grávidas ainda teriam que continuar aceitando incondicionalmente tudo que a natureza lhes impingem? E por que as mulheres não teriam o direito de tentar sair da “armadilha sexual” que a natureza criou com o propósito específico de fazer com que nos multipliquemos?O que daria aos prepotentes legisladores da biologia feminina, o direito de impingir que as gestantes não podem abortar? Por que até mesmo os casais legalizados, não poderiam viver de acordo com as escolhas que fazem, de comum acordo?Por que as Leis forçam as grávidas pobres, prosseguirem com a gestação até o fim, mesmo quando os genitores não desejam continuar com a gravidez e não estariam preparados (psicologicamente e financeiramente), para a interminável tarefa de ter filhos?As religiões, a sociedade, os meios de comunicações e o governo, estariam mentindo, ao afirmar que a mulher foi feita para o lar? Ou ao dizer que a mulher só se realizaria e seria feliz quando se torna mãe?Os contrários ao aborto, estariam camuflando a maternidade com cores lindas e fantasias, onde não se incluiriam as noites em claro, os festivais de fraudas e mamadeiras, as despesas com os filhos, os eternos cuidados maternos e uma vida repleta de engravidar, parir, amamentar, cuidar dos filhos, renunciar a si mesma em prol dos familiares e esperar pela próxima concepção?Considerando que o nosso corpo é o bem mais precioso que podemos ter, e que se o estragarmos, teremos que sobreviver com o que restar do mesmo. Questiono se impedir que as gestantes defendam este seu bem, pessoal, precioso e insubstituível caracterizaria uma sociedade a serviço do Estado e não a serviço do cidadão?Seria verdade que alguns fetos enormes, poderiam sugar os nutrientes da gestante? Deixar a gestante inapta para outra gravidez? Ou mesmo deformar o único e precioso corpo que a gestante possui? Existe o agravante de que algumas gestantes idosas, infantis ou debilitadas, não estariam 100%, capacitadas para a função de pari o filho não desejado e teriam que disputar com o feto os nutrientes mais nobre que ingere? Este “duplo anabolismo” aconteceria quando os nutrientes ingeridos pela grávida são disputados por dois organismos que estariam ávidos de nutrientes importantes, em crescimento ou debilitados?Por que o aborto não deveria se permitido quando é para salvar a vida da gestante? Para preservar a saúde física ou mental da mãe? Quando tiver havido algum estupro? Quando o feto é defeituoso? A pedido da mãe? Quando for o fruto de alguma gestação indesejada? Ou quando existir alguma razão social ou econômica para isso?Por que mesmo as cleptocracias incompetente, insensível e incapaz de impedir que milhões de mulheres sejam prejudicadas por algum aborto feito as escondidas, teria o "Direito militar" de impedir que as gestantes abortem? E por que este absurdo não configuraria uma "Sociedade ao serviço do Estado"? Como a natalidade atual já não se contentaria com o nascer por nascer, pois acima de tudo, seria necessário que o novo indivíduo que é posto no mundo, tenha uma vida digna, com qualidade e oportunidades, perguntamos se na falha do Estado, haveria Lei no mundo que consiga impedir que uma pessoa teimosa e inconformada aja por conta própria?Já que nenhuma espécie teria sido programada para viver em função exclusiva dos filhos. E o “amor materno” não passa de um instinto sem controle, algum investimento, uma prontidão e uma facilidade biológica para as mulheres gerar, amamentem e cuidar dos filhos, (que predisporia as fêmeas a gerar filhos e lhes ofereceria condições de um crescimento adequado). È evidente que o mito (fabricado pelas religiões), onde se prega que a única função e objetivo da mulher seriam parir; amamentar e cuidar dos filhos. Assim como, agradar ao marido E se dedicar ao lar. Seria apenas uma forma de controlar as mulheresOu de achar que a evolução teria “presenteado” as fêmeas com o atributo de ter um amor incondicional pela cria.Todavia, como a Evolução não programou as mulheres para viverem exclusivamente em função das suas crias... Caso o custo/benefício da tarefa de cuidar dos filhos seja desfavorável. Ultrapasse o limite que o indivíduo estaria disposto a investir nos seus descendentes. Ou se durante a gravidez ficar comprovado que o feto nasceria retardo ou com gravíssimos defeitos.Defendo que nenhuma organização, governo ou religião contrária ao aborto teria moral suficiente para forçar uma gestante do tipo que não acredita em ensinamentos fanáticos, em promessas mirabolantes ou em Leis jurássicas, ter que prosseguir até o fim, com a gestação deste “não desejado”. E questiono por que, mesmo as mulheres que desejam confortos, batalham para ter uma boa forma física e não desejam ser parasitadas por “oportunistas” que invadem seu útero, num momento de distração, seriam forçadas a continuar alimentando o “parasita” que irá lhe exigir infindáveis trabalhos e lhe dará muitas despesas?Ao forçar os genitores assumirem (num momento não desejado) um compromisso difícil e que será para sempre, o “Estatuto dos Embriões” estaria se sobrepondo aos direitos individuais dos genitores?Eu acredito que além do planejamento familiar, das vasectomias e as ligaduras de trompas, não serem medidas antinatalistas, mas sim, uma opção racional por uma qualidade de vida melhor. A prepotência de proibir os abortos, aumentaria o número de “delinqüentes”.Como estamos num terreno pantanoso, onde o Poder Público perdeu o controle da situação. Até porque, todas as proibições contra o aborto fracassaram. E existe o agravante de que ao perseguir as gestantes que abortam, a Lei só estaria desperdiçando tempo e recursos.Eu questiono se já estaria na hora do Estado para de proibir o aborto, visto que, nos dias de hoje, seria ultrajante permitir que os legisladores continuem alheios às tragédias dos milhões de gestantes que ficam aleijadas ou morrem durante os abortamentos feitos as escondidas.E alego que, beiraria ao ridículo ou ao absurdo, as descabidas e déspotas Leis machistas, afrontarem a dignidade da mulher, impondo que as grávidas, em hipótese alguma poderiam interromper a gravidez.Como até algumas médicas ficam grávidas sem querer. E sendo as mulheres mais humildes quem pagariam um preço maior pelo autoritarismo do Estado proibir o aborto; pois mesmo legislando sobre a biologia das gestantes e proibindo o aborto, o Estado não impede que as gestantes ricas e determinadas abortem. E só dificultaria a vida das gestantes pobres, questiono por que o Estado tem o direito de legislar sobre o corpo das mulheres e aquilo que acontece dentro do útero das mesmas?Por que devemos priorizar a opinião dos que não estariam preparadas para a complexidade do universo feminino? Não valorizam as recompensas sexuais. Acham que as mulheres não têm o direito de dispor do seu corpo e de desenvolver sua sexualidade para o prazer. Ou alegam que a sexualidade feminina só deveria ser usada para a procriação.Tem fundamento a denúncia de que em vários hospitais, além dos tratamentos públicos, das mulheres que sofreram Lesões ou Fístulas decorrentes do parto, só serem marcados para meses depois; as grávidas pobres seriam tratadas como “gado humano”, pelos sucateados e “frios” Hospitais Públicos, onde seria comum limitar o número dos atendidos a um punhado de novos pacientes, que precisariam chegar de madrugada para disputar uma simples triagem?Qual a chance de que inúmeros médicos não estejam bem preparados para enfrentar as complicações neonatológicas e obstétricas que podem surgir numa gravidez, parto ou pós-parto de alto risco; principalmente se a gestante for muito velha, excessivamente jovem, propensa a ter hemorragias ou eclampsias, não for uma boa parideira, estiver anêmica, hipertensa, desnutridas ou tiver determinados tipos de distúrbios sangüíneos?Por que as mulheres da classe média desvinculam sua vida sexual da reprodução e conseguem passar pela adolescência sem ter filhos, se um numero absurdo de mulheres pobres não conseguem?Sendo justo, moral e legal que as mulheres tenham o direito biológico de ter uma sexualidade prazerosa e sem culpa; alegamos que o autoritarismo de manter o aborto à margem da lei, estaria pondo em risco de vida, milhões de grávidas, que não se conformando em serem constrangidas a levar a diante uma gravidez não desejada, tentariam abortar por intermédio de agulhas, chás, venenos caseiros e a “ajuda” de curiosos sem higiene ou sem muitos conhecimentos médicos.Como não sou hipócrita, não acredito em cláusulas pétreas, discordo que a vida dos fetos seja um bem comunitário que pertenceria à sociedade. Até porque, sei que o Governo Brasileiro costuma exclui os pobres ou deixá-los entregues a sua própria sorte. E não engulo que um filho “defeituoso” possa ser um “presente de Deus”. Pessoalmente, questiono se os cidadãos que já nasceram, pagam impostos, consomem e estariam sobre a suposta proteção do Estado, teriam um “direito adquirido” maior do que os direitos de um feto defeituoso que ainda não nasceu, não herda, não tem documentos, não tem cidadania, seria um peso para a sociedade e seria só um projeto malsucedido de um ser humano?Embora a abordagem do escriba que vos fala, seja cruel, ateísta e egoísta, e a fisiologia, a anatomia e alguns circuitos cerebrais das mulheres forneçam uma predisposição biológica para que as mães cuidem dos filhos(...)Seria verdade que muitas mortes inúteis, sofrimentos desnecessários e tragédias humanas, se deveriam às hemorragias não tratadas e aos abortos feitos sob uma assistência médica inadequada, clandestina, precária ou sem higiene, de países que não oferecem condições dignas aos seus trabalhadores ou não se esforçam em nivelar os desníveis sociais?Porque não seria um “festival de besteiras” ou de explicações mágicas, tentar nos convencer de que em algum momento da gravidez a “alma se instalaria no embrião”, bem como, determinar que a partir deste estágio mitológico, o produto conceptual deveria ser considerado sagrado?Se é permitido abortar quando a gestante é soropositivo, houve estupro, o feto tem anomalias degenerativas incompatíveis com a vida, ou a gravidez põem em risco a saúde física e psíquica da gestante... Por que também ainda não foi descriminalizado o aborto comum?Por que mesmo no caso do feto estar matando a gestante, os genitores não teriam o direito de sacrifica-lo? E ainda são embromados com a desculpa de que, “Só Deus tem competência para resolver esta questão”?Teria ficado evidente que enquanto algumas crenças não forem substituídas por reflexões mais inteligentes, a Lei continuará impondo que “interromper o desenvolvimento do embrião não desejado, seria um crime tão grave quanto tirar a vida de alguém”, e continuará super valorizando o que poderia vir a ser uma pessoa, em detrimento dos que já são cidadãos?Além de não existir um consenso se de fato a vida começaria na hora da fecundação ou se seria só uma continuação, lembramos que se a Lei permite que “Em Legítima Defesa” e em “Estado de Guerra” nos defendamos matando quem nos “ataca”...Às gestantes em “Desvantagem Exagerada”, teriam o direito de se defender de um feto não desejado, que arruinará sua vida, e que teria “invadido” o útero da mãe, para se agregar e roubar nutrientes, num momento em que a “vítima” por inocência, distração ou obscuridade de consciência, teria se descuidado.Se é permitido matar animais por sua carne, guerrear contra nossos agressores, nos livrarmos da nocividade de alguém e retirar os órgãos de um “doador”, que esteja vivo, (desde que o cérebro do doador se encontre num estado vegetativo irreversível), por que se proíbe, que seja abortado um invasor indesejável?Por que não podemos retirar células, neurônios ou células tronco de um embrião com pouquíssimos dias de vida, se o cérebro do embrião seria tão primitivo que não teria consciência e nem mesmo uma atividade mental?Pelo número colossal dos que já praticaram, encobriram ou ainda farão algum tipo de aborto, ficaria provado que o governo é incapaz de impedir, punir ou evitar, este tipo irrefreável de “solução”, até porque, trata-se de um gravíssimo problema de saúde pública, que requer medidas urgentes, mas que tenham a aprovação das mulheres.É verdade que se todos os que fazem, ajudam, participam, incentivariam ou defendem o aborto fossem presos... O simples fato de cada “criminoso” custar ao Estado mais de 05 salários mínimos por mês, tornaria inviável reprimir esse tipo de “crime”?Mesmo não querendo incitar a desordem, e não tendo a intenção de ridicularizar os que são contra o aborto, mas apenas, aprofundar nosso modo de pensar e desmascarar os que não se abalam em saber que todos os anos, mais de 1.500.000 mulheres, praticariam algum tipo de aborto; em nossa revolta, defendemos que o corpo da mulher, sendo uma propriedade privada, preciosa e insubstituível, sua proprietária seria o único indivíduo que em nome do prazer, da liberdade e da cidadania, teria o direito de usufruir do mesmo, e não seria obrigada a nada, nem mesmo a ter que justificar o uso que faria deste seu belo, precioso, pessoal e insubstituível bem; pois as mulheres teriam o direito de poder satisfazer as suas necessidades e desejos sexuais, sem precisar da aprovação da Igreja, do parceiro e do Estado. E sem ser refém de uma sociedade machista, fanática e que sempre legislou sobre a biologia feminina.Entre todas as criaturas em situação de se reproduzir, somos a única que raciocina, conseguem olhar para o futuro a longo prazo, tem a audácia de rejeitar opressões intoleráveis e possuiria a monumental oportunidade de evitar que seus filhos sejam, mas um subproduto gerado pelas irresistíveis armadilhas sexuais que a natureza fabricou com o propósito específico de convencer os seres a se multiplicarem.Pela gravidade das questões levantadas, concluímos que temos de agir já para não pagarmos o preço de sermos acusado pelas gerações futuras de ter desperdiçado a oportunidade histórica de poder modificar nosso destino, até porque, a maior parte dos traumas, mortes, lesões irreversíveis, perfurações uterinas e septicemias que ocorrem com as gestantes que abortam, poderiam ser evitadas, se houvesse um programa de saúde pública, mais eficiente, mais realista, menos burocrático, mais inteligente e menos autoritário.Se a mulher grávida, não é o único responsável pelo estado em que se encontra. Por que ela teria a obrigação de arcar sozinha com todas as conseqüências de estar trazendo ao mundo um filho defeituoso ou indesejado? Mesmo quando o seu País seria um caricato “Rei Midas”, que transforma em porcaria tudo o que toca; trata seus “enteados” como gado humano e sequer tem competência de oferecer um salário mínimo decente?Como a cidadania garante que o Estado se abstenha de interferir nas esferas onde os cidadãos possam realizar suas próprias escolhas... E sendo injustificável que os pontos de vistas dos religiosos se sobreponham à liberdade das gestantes. Até porque a liberdade é um dos mais importantes preceitos da dignidade humana e da vida autodeterminada. Ficaria provado que ao impor o bem do feto por decreto e com mão de ferro, os que se julgam protetores dos fetos indefesos, estariam retirando das gestantes o direito de escolha e as impedindo de optar livremente por algo tão importante como decidir quem seriam seus filhos.Observe que apesar do Brasil ser um dos países que mais restringe e condena o aborto (pois os envoltos nessa empreitada podem ser condenados de 1 a 3 anos de prisão), a cada 24 horas, no Brasil são realizados mais de 3.800 abortos ou seja, cerca de 1.300.000 por ano, já que as gestantes brasileiras teimam que têm o direito de abortar e nenhum governo jamais teve competência de impedir que as gestantes abortem.É bom não esquecer que por milhões de anos, teríamos vivido a mercê da natureza e das regras que nos manipularam, pois além do direito de procriar não ser ilimitado, e não ser mais importante do que a qualidade de vida dos que já estariam no mundo é público e notório, que em pleno século XXI, as distorções criadas pelos “laboratórios” do autoritarismo, não poderiam continuar se estendendo aos fetos não desejados, aos defeituosos e aos que teriam sido “fabricados” com o objetivo específico de beneficiar quem doou seus genes, para algum revolucionário tipo de “autotransplante”.Embora os juristas de plantão contrários aos abortos tenham o direito de viver segundo suas crenças, Eles não poderiam impor o que pensam aos diferentes. E não poderiam continuar legislando sobre a biologia das mulheres. Pois o corpo das gestantes e um bem pessoal, e não é algum bem comunitário, que pertença à sociedade ou que possa ser regulamentado.Porque os direitos de um feto seriam bem mais importantes do que os de um cidadão? A questão do aborto seria uma questão moral, e uma questão apenas da vida do feto ou ela teria outros lados históricos, políticos e sociais que também precisariam de atenção e de serem considerados?